Fotografia. Quase dois séculos de luz.
De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-las voltar. Não podemos revelar ou copiar a memória.
[Cartier-Bresson]
Fotografia
Arte de fixar, por meio de agentes químicos e com o auxílio de uma câmara escura e fonte de luz externa, uma imagem de objeto posto à frente desta câmera.
Grego
Photos = Luz / Graphos = escrita
A fotografia é o processo de produção de imagens a partir da ação da luz. Tal processo é constituído de uma etapa física (formação da imagem na câmera) e outra química (reação do material fotossensível à ação da luz). Para existir, a fotografia (convencional, pois as imagens digitais dispensam os dois últimos) depende de quatro elementos:
>>>Luz,
>>>Câmera,
>>>Emulsão e
>>>Químicos.
A fotografia nada mais é do que a arte de desenhar com a luz, encontrando equilíbrio entre o claro e o escuro, e assim moldando texturas de objetos fotografados.
É possível observar pelos registros históricos que, mais ou menos ao mesmo tempo e em diferentes lugares, estudiosos trabalharam isoladamente na busca de soluções para juntar, em uma mesma máquina, a óptica e a química, criando um mecanismo que reproduzisse a realidade e registrasse a sua imagem.
No século X, um árabe chamado Aihazen descreveu em manuscritos como observar um ecplipse solar no interior de uma câmara escura. Na mesma época, na China, eram desenvolvidas técnicas de gravura que se adaptavam bem à impressão dos ideogramas da língua chinesa.
O princípio óptico de formação da imagem, conhecido desde a Antiguidade, desenvolveu-se bastante na Renascença, quando o dispositivo da “câmara obscura” era utilizado para esboçar os traços de uma pintura.
A Câmara Escura se torna comum entre os sábios europeus, para a observação de eclipses soloares, sem prejudicar os olhos. Entre eles o ingles Roger Bacon (1214-1294) e o erudito hebreu Levi ben Gershon (1288-1344). Em 1521, Cesare Cesariano, discípulo de Leonardo da Vinci, descreve a Câmara Escura em uma anotação e em 1545, surge a primeira ilustração da Câmara Escura, na obra de Reiner Gemma Frisius, físico e matemático holandês.
No século XIV já se aconselhava o uso da câmara escura como auxílio ao desenho e à pintura. Leonardo da Vinci (1452-1519) fez uma descrição da câmara escura em seu livro de notas sobre os espelhos, mas não foi publicado até 1797. Giovanni Baptista della Porta (1541-1615), cientista napolitano, em 1558 publicou uma descrição detalhada sobre a câmera e seus usos no livro Magia Naturalis sive de Miraculis Rerum Naturalium.
Em 1620, o astrônomo Johannes Kepler utilizou uma Câmara Escura para desenhos topográficos. O jesuita Athanasius Kircher, erudito professor de Roma, descreveu e ilustrou uma Câmara Escura em 1646, que possibilitava ao artista desenhar em vários locais, transportada como uma liteira e em 1685, Johan Zahn descreve a utilização de um espelho, para redirecionar a imagem ao plano horizontal, facilitando assim o desenho nas câmaras portáteis.
A Câmara Escura era formada originalmente por um quarto sem nenhuma luz, com um orifício numa das paredes que permitia projetar, na parede oposta (toda branca), uma determinada imagem na posição invertida.
>>>Luz,
>>>Câmera,
>>>Emulsão e
>>>Químicos.
A fotografia nada mais é do que a arte de desenhar com a luz, encontrando equilíbrio entre o claro e o escuro, e assim moldando texturas de objetos fotografados.
É possível observar pelos registros históricos que, mais ou menos ao mesmo tempo e em diferentes lugares, estudiosos trabalharam isoladamente na busca de soluções para juntar, em uma mesma máquina, a óptica e a química, criando um mecanismo que reproduzisse a realidade e registrasse a sua imagem.
No século X, um árabe chamado Aihazen descreveu em manuscritos como observar um ecplipse solar no interior de uma câmara escura. Na mesma época, na China, eram desenvolvidas técnicas de gravura que se adaptavam bem à impressão dos ideogramas da língua chinesa.
O princípio óptico de formação da imagem, conhecido desde a Antiguidade, desenvolveu-se bastante na Renascença, quando o dispositivo da “câmara obscura” era utilizado para esboçar os traços de uma pintura.
A Câmara Escura se torna comum entre os sábios europeus, para a observação de eclipses soloares, sem prejudicar os olhos. Entre eles o ingles Roger Bacon (1214-1294) e o erudito hebreu Levi ben Gershon (1288-1344). Em 1521, Cesare Cesariano, discípulo de Leonardo da Vinci, descreve a Câmara Escura em uma anotação e em 1545, surge a primeira ilustração da Câmara Escura, na obra de Reiner Gemma Frisius, físico e matemático holandês.
No século XIV já se aconselhava o uso da câmara escura como auxílio ao desenho e à pintura. Leonardo da Vinci (1452-1519) fez uma descrição da câmara escura em seu livro de notas sobre os espelhos, mas não foi publicado até 1797. Giovanni Baptista della Porta (1541-1615), cientista napolitano, em 1558 publicou uma descrição detalhada sobre a câmera e seus usos no livro Magia Naturalis sive de Miraculis Rerum Naturalium.
Em 1620, o astrônomo Johannes Kepler utilizou uma Câmara Escura para desenhos topográficos. O jesuita Athanasius Kircher, erudito professor de Roma, descreveu e ilustrou uma Câmara Escura em 1646, que possibilitava ao artista desenhar em vários locais, transportada como uma liteira e em 1685, Johan Zahn descreve a utilização de um espelho, para redirecionar a imagem ao plano horizontal, facilitando assim o desenho nas câmaras portáteis.
A Câmara Escura era formada originalmente por um quarto sem nenhuma luz, com um orifício numa das paredes que permitia projetar, na parede oposta (toda branca), uma determinada imagem na posição invertida.


O problema para a representação da realidade nesse mecanismo das câmeras escuras é que as imagens formadas não podiam ser vistas novamente, pois não se sabia como fixá-las sobre algum suporte. Daí o envolvimento das leis da química, cujo desenvolvimento (a partir do século XVIII) permitiu a busca de maneiras de se fixar a imagem produzida pela câmera.
Em 1604, o cientista italiano Angelo Sala percebeu que o nitrato de prata ficava negro quanto exposto ao sol. Apenas em 1725, Johan Heindrich Schulze, um professor de medicina de Aldorf, na Alemanha, concluiu que era a luz solar (e não o calor, como pensava Sala) que transformava os cristais de prata em prata metálica negra. A partir daí, Schulze conseguiu obter imagens na câmara escura e fixá-las nos cristais de prata mas, ao retirar o suporte da câmara, o material continuava enegrecendo até sumir.
Heliografia
A primeira imagem que permaneceu fixa por mais tempo foi feita pelo litógrafo francês Joseph Nicéphore Niépce, em 1826), técnica que denominou heliografia, ou seja, “escrita com a luz solar”. Ele obteve a imagem ao expor, durante oito horas, uma placa metálica revestida com verniz de asfalto. Nas partes da placa que não foram afetadas pela luz, o o verniz (ou betume) era retirado com uma solução de essência de alfazema. Estes materiais logo foram substituídos pelo papel com cloreto de prata e fixação com ácido nítrico.
Daguerreotipia
Em 1839, o pintor de paisagens e desenhista de cenários para teatro, Louis-Jacques Mandé Daguerre, deixou sua principal contribuição para a fotografia: o Daguerreótipo. O daguerreótipo utiliza-se de uma propriedade da prata de tornar-se enegrecida quando é exposta a luz e assim formar uma imagem, que é negra nos locais onde a prata recebe intensa quantidade de luz, cinzenta onde recebe média intensidade e branca (ou inalterada) onde nenhuma luz a atinge. Apesar desta técnica fotográfica basear-se na prata, ela nada tem a ver com a fotografia como a conhecemos atualmente.
A técnica do daguerreótipo consistia de usar como material sensível a luz uma placa revestida de prata e sensibilizada com o iodeto de prata, que depois de exposta era revelada com vapor de mercúrio aquecido. E finalmente fixada com tiossulfato de sódio(hipossulfito).
Vários foram os motivos que fizeram com que o daguerreótipo não sobrevivesse por mais do que algumas décadas: apesar da alta qualidade das imagens, a mesma era invertida lateralmente e produzia imagens que eram as vezes vistas de um ângulo em positivo e em outro negativo ou as duas coisas ao mesmo tempo. Não era possível ter cópias ou mesmo ampliá-las, sem contar que o processo utilizava-se de vapor de mercúrio que é extremamente tóxico.
A invenção de uma lente dupla (acromática) muito luminosa, com abertura de f 3.6 pelo Húngaro Josef Petzval trouxe uma contribuição importante para a popularização do daguerreótipo, pois diminuiu em 30 vezes os tempos de exposição que eram em torno de 15 a 30 minutos naquela época.
A daguerreotipia aparentava-se conceitualmente com a pintura pelo caráter de imagem única. Por isso, teve grande aceitação junto à burguesia emergente da época, dona do privilégio de ter seus retratos únicos eternizados pelos pintores.
Calotipia
Mas foi outro processo, denominado Calotipia, que transformou a fotografia em um verdadeiro “veículo de comunicação”. O inglês Fox Talbot inventou o primeiro sistema simples para a produção de um número indeterminado de cópias, a partir de uma mesma chapa.
Patenteou a invenção em 1841 e, diferentemente da máquina de Daguerre, a calotipia obedecia a natureza intrínseca da fotografia: a reprodutividade. À semelhança de Daguerre, Fox Talbot permitia que apenas os cientistas e poucos amadores usassem livremente seu processo e exigia dos profissionais uma autorização paga.
A diferença fundamental entre a daguerreotipia e a calotipia é que a primeira gera apenas uma única imagem sobre placa de cobre revestida de prata polida, e a segunda produz um número ilimitado de cópias sobre papel.
A Chapa Úmida
O processo que veio a seguir foi o do colódio úmido inventado por Frederick S. Archer em 1851, que utilizava uma chapa de vidro preparada com nitrato de celulose e um iodeto solúvel sensibilizado com nitrato de prata. Este processo acabou por suplantar o daguerreótipo devido aos bons resultados conseguidos, principalmente no tocante a facilidade na obtenção de cópias.
A Emulsão de Gelatina Seca
Em 1871 outro processo superou o anterior, deixando-se de usar as delicadas chapas de vidro. Seu autor, o médico Richard L. Maddox, usava uma emulsão de gelatina seca de alta sensibilidade.
Já não havia a necessidade de untá-las antes da exposição, nem de revelá-las imediatamente. A chapa seca, além de ter simplificado a técnica fotográfica, promoveu uma verdadeira revolução no desenho das câmeras, reduzindo o tamanho do equipamento. O novo material era rápido o suficiente para cenas em movimento, desde que as máquinas fossem providas de obturador instantâneo.
Filme flexível e a difusão da fotografia
O americano George Eastman escreveu o seu nome na história da fotografia ao criar a emulsão de gelatina e brometo de prata em forma de rolos, denominado american film.
Até então, a fotografia era exclusividade de profissionais. Foi com a introdução da máquina fotográfica de filme de rolo flexível que a fotografia tornou-se mais barata e, dessa forma, pode se difundir por todo o planeta.
Em 1888, ele lançou a empresa Kodak e, em 1900, a câmara Kodak Brownie, uma das mais populares produzidas em larga escala pela industria de George Eastman. Para os usuários destas máquinas bastava tirar as fotos e entregá-las à Kodak, que processava-os e entregava as câmaras já com filmes prontos para novas fotos, fazendo jus ao slogan: “Aperte o botão, nós faremos o resto”.
A Brownie foi criada com o objetivo de atingir milhões de pessoas de baixo poder aquisitivo que até então não tinham acesso a máquinas fotográficas. Esses equipamentos eram vendidos por apenas 1 dólar, para desespero do fotógrafo Alvin Lagdon Coburn: “agora qualquer moleque tem uma Brownie”.
Cores vivas e brilhantes
A reprodução em cores foi uma aspiração simultânea ao aparecimento da fotografia, levando muitos a colorir daguerreótipos. O primeiro bem-sucedido pesquisador foi o sobrinho do inventor da heliografia, Niépce de Saint-Victor, responsável pela obtenção de daguerreótipos com leve coloração. Em 1869, os franceses Louis Ducos du Haron e Charles Cros chegaram simultaneamente a resultados idênticos na produção de imagens coloridas, e sem conhecimento prévio das pesquisas um do outro. Tempos depois, em 1907, surgiu o primeiro processo industrial de produção de fotografias coloridas, o Autochrome Lumière.
Mudanças
Em 1924, a Ermanox, com negativos de vidro de pequeno formato, possibilitou ao fotógrafo Erich Salomon instalar um estilo de comentário político na imprensa ao registrar uma das reuniões de cúpula dos dirigentes europeus. Por sua vez, a famosa Leica, empregando filme flexível de cinema de 35mm, foi a companheira inseparável do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson.
A máquina, silenciosa e discreta, permitiu ao mestre da fotografia criar uma escola fotográfica baseada na habilidade de prever o desdobramento de uma ação e de registrá-la rapidamente sem chamar a atenção do fotografado, o chamado instante decisivo.
Em 1935, surge o Kodachrome, pioneiro dos modernos filmes coloridos, concebido pelos alemães Leopold Manner e Leopold Godowsky, na produção de slides. Já em 1941, a Kodak lança o processo negativo-positivo na fotografia em cores, e no final daquela década, introduz o Ektacolor, filme que pode ser revelado pelo próprio fotógrafo.
Polaroid Land Camera Model J66
Outra novidade foi a Polaroid, desenvolvida por Edwin Land, em 1947, que possibilitava a fotografia instantânea. Dessa forma, fechava-se um ciclo importante iniciado com a daguerreotipia, que também permitia a revelação imediata.
Fotografia em bits
A máquina fotográfica digital veio revolucionar o processo fotográfico, principalmente com a ausência do filme. Este tipo de câmaras capturaram as imagens de maneira eletrônica pelo CCD (sensor), sendo registrada em memória digital ou em disco com grande capacidade de armazenamento, e depois é transportada para o computador onde, com softwares específicos, pode sofrer diferentes tipos de intervenção.
Com a chegada da tecnologia digital, a fotografia ganhou uma gama de recursos impressionantes. Podendo também serem vistas no monitor, impressas nas impressoras ou mandadas via correio eletrônico para qualquer lugar do planeta.
Mesmo com todos esses recursos tecnológicos, as várias técnicas fotográficas ainda estão em uso. Ou seja: a fotografia convencional que usa filmes P e B (preto e branco) e coloridos, negativos e diapositivos; a instantânea “Polaroid” e finalmente a digital tendem a conviver simultaneamente, pois para cada uma existe determinado espaço de domínio.
“Às vezes existe uma única foto cuja composição possui tanto vigor e tanta riqueza, cujo conteúdo irradia tanta comunicação, que esta foto em si é toda urna história. Mas isso raramente acontece”.
[Henri Cartier-Bresson]
A Fotografia no Brasil
O Brasil foi palco de experiências ligadas à fotografia antes mesmo do daguerreótipo, divulgado pelo Diário do Commercio, do Rio de Janeiro, em 1 de maio de 1839. Em 1833, seis anos antes, o francês Hercules Florence, que morava no Brasil, dedicou-se a uma série de inventos, em sua maioria técnicas de reprodução de imagens, como a poligrafia e a impressão pela luz solar, a que denominaria Photografia.
Em 1840, o abade Louis Compte produz com um daguerreótipo três imagens nas proximidades do Palácio Imperial, no centro do Rio de Janeiro. Fascinado, o imperador Dom Pedro II, à época com 14 anos, comprou o equipamento, tornando-se o primeiro fotógrafo nacional. Se comparado aos Estados Unidos e Europa, o desenvolvimento da fotografia no Brasil foi bastante lento. Em 1854, o fotógrafo e pintor português Joaquim Insley Pacheco chega ao Rio, onde se torna um dos mais famosos retratistas. Marc Ferrez, um dos mais famosos fotógrafos brasileiros no exterior, produziu em 1881 as maiores chapas gelatinosas panorâmicas do mundo (40 x 120 cm), retratando paisagens brasileiras.

No ano de 1887, o fotógrafo Militão Augusto de Azevedo lança o primeiro álbum comparativo da evolução de uma cidade brasileira, retratando São Paulo num período de 25 anos consecutivos. Flávio de Barros viveu o extraordinário privilégio de documentar com uma câmera fotográfica a Guerra de Canudos. Ele é precursor de dezenas de outros fotógrafos que nos anos posteriores também registraram esta epopéia sertaneja.
Em 1900, a Revista da Semana é a primeira publicação nacional a estampar fotos na capa. As primeiras máquinas Kodak chegaram ao Brasil em 1910.
A fotografia brasileira segue sua trajetória de afirmação principalmente estimulada por clubes de fotografia (Photo Club Brasileiro, no Rio de Janeiro, e o Foto Clube Bandeirante, em São Paulo), que organizaram inclusive o 1º Salão Nacional de Fotografia, em 1942.
Em 1950, a revista O Cruzeiro e o Jornal do Brasil deram grande impulso ao fotojornalismo, com a contribuição, uma década depois, das revistas O Bondinho e Realidade, além do Jornal da Tarde.
Atualmente, a fotografia no Brasil está em amplo crescimento, pela atuação profissional de fotógrafos em várias regiões do País em diversos segmentos, seja no fotojornalismo, na fotografia social, em registros de eventos culturais e esportivos, ou no baladado cenário de moda e estilo, com todo o requinte da fotografia publicitária. E nomes que despontam no cenário internacional pela criatividade e beleza estética de suas obras, como Sebastião Salgado, Evandro Teixeira, Walter Firmo, Cristiano Mascaro, entre outros, que renovam a função artística da fotografia no Brasil.
[Referências Bibliográficas]
SENAC. DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rio de Janeiro, Ed. Senac Nacional, 2004. 192p.
FRANÇA, Valter. Pequeno Manual de Fotografia. 2000. [Documento eletrônico]
SALLES, Filipe. Apostila de Fotografia. 2000. [Documento eletrônico]
[Sites consultados]
http://www.focusfoto.com.br/Blog - http://camaraobscura.rodrigopereira.psc.br/
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